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Comidas que viciam: isso existe?

É dito em redes sociais que diversas substâncias alimentares, principalmente glúten, açúcar e laticínios causam vício alimentar. Eu não vou entrar no mérito de como são substâncias presentes no nosso dia a dia e como falar que causam vícios ser uma bela chamada para captar atenção. Vou falar sobre ciência.


Primeiro, é importante não confundir alimentos palatáveis e alto consumo com vício. Primeiro que você dificilmente consome açúcar ou glútens puros, por exemplo, segundo que vício caracteriza dependência, maior tolerância, sintomas de abstinência. Não há método científico que valide como padrão tais sintomas na retirada alimentar (apenas escaladas não validadas) e não, alguém retirar fontes de açúcar e sentir vontade não quer dizer que seja viciada, afinal são alimentos com grande palatabilidade e raramente se vê alguém atacando um pacote puro de açúcar.


Muito se fala sobre o sistema de insulina-dopamina, causando sensação de bem-estar, porém apenas um estudo mostrou que obesos graves tem uma redução nos receptores de dopamina (1), enquanto diversos outros não (2-4), sendo a metodologia aplicada não adequada (5, 6).


Muitas das evidências que mostram comportamento vicioso são em ratos e com comidas ricas em açúcar, gordura ou ambos (de maneira estranha, os fanáticos low carb não citam os dois últimos). Neles também é notada diminuição dos receptores de dopamina e ansiedade na retirada das substâncias, porém: - #1- Não somos ratos. #2- O ambiente que vivemos e de acesso é diferente do deles. #3- Esse vício verificado neles foi com acesso intermitente a comida, não com acesso contínuo, ou seja, eles comiam mais simplesmente porque depois ficaríam sem (7).


Dicas úteis: - #1- Não acredite em tudo que diz estudos confirmam, ainda mais quando bate com a ideologia da pessoa (como nos casos de alguns veganos alegarem que a beta caseomorfina 7, presente em lácteos, vicia). Verifique a natureza do estudo.

#2- É difícil ficar sem alimentos palatáveis, porém isso não caracteriza vício. Para evitar o alto consumo, planeje sua dieta para não sentir tanta fome (fibras, proteínas, vegetais), planeje suas refeições, não espere o estomago se correr para ir comer e não retire totalmente tais alimentos do seu dia, apenas deixe para ocasiões ou momentos especiais.

#3- Treine direito. Muitas vezes, principalmente em fases de ganho, quando vejo que o paciente responde bem e realmente faz um treino decente, fica imprescindível colocar alimentos mais densos em calorias, principalmente carboidratos, para alcançar as necessidades energéticas.


1- Brain dopamine and obesity. Lancet. 2001;357:354–7. 2- Neuroimage. 2016;138:176–83. 3- Sci Rep. 2015;5:11283. 4- J Neurosci. 2015;35:3959–65. 5- Nat Rev Neurosci. 2012;13:279–86. 6- Obes Rev. 2013;14:19–28. 7- J Neurosci. 2014;34:5012–22


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